O que é Trombose hemorroidaria, sintomas e tratamentos

A trombose hemorroidária é uma condição aguda em que um coágulo sanguíneo se forma nos vasos hemorroidários, causando dor intensa, inchaço e nódulo doloroso na borda anal externa. A condição costuma ser autolimitada, mas exige diagnóstico e manejo adequados.
Essa condição não representa risco de tromboembolismo venoso sistêmico, mas gera grande desconforto local. Em geral, melhora espontaneamente em cerca de uma a duas semanas, embora intervenções possam acelerar o alívio.
Índice
Anatomia e fisiologia do plexo hemorroidário
Para compreender a trombose hemorroidária, é essencial conhecer os coxins vasculares do canal anal — hemorroidas — que podem ser internas (acima da linha pectínea) ou externas (abaixo dela). Essas estruturas auxiliam na continência e possuem função fisiológica em todos os indivíduos.

Hemorroidas internas e externas
- Internas: geralmente assintomáticas, localizadas no canal anal acima da linha pectínea, pouco sensíveis à dor. Rangos de graus I a IV indicam prolapso progressivo.
- Externas: localizadas abaixo da linha dentada, revestidas por pele sensível. São muito propensas a trombose, devido à rica inervação e vulnerabilidade ao trauma.
Fisiopatologia da trombose hemorroidária
A trombose se inicia quando há coagulação do sangue dentro do mamilo hemorroidário, formando um trombo que impede o fluxo e gera pressão e dilatação local. Isso causa dor intensa e inchaço.
Formação do coágulo (trombo)
Traumas locais, como fezes endurecidas, esforço defecatório ou uso agressivo de papel higiênico, rompem pequenos vasos sanguineos e desencadeiam a cascata de coagulação, gerando o trombo rapidamente.
Mecanismos desencadeantes
Fatores que aumentam pressão anal — constipação crônica, sedentarismo, gravidez, excesso de tempo sentado, esforço físico intenso — são comuns e favorecem o desenvolvimento de trombose em hemorroidas predispostas.
Epidemiologia e fatores de risco
A trombose hemorroidária ocorre principalmente em pessoas entre 30 e 50 anos, com maior incidência em homens. A constipação crônica, gestação, longo período sentado, esforço evacuatório repetitivo e uso de anticoagulantes ou antiplaquetários são fatores de risco prevalentes.
Estudos indicam que a maioria dos quadros ocorre em hemorroidas externas, devido à inervação dolorosa e exposição mecânica local.

Sintomas e sinais clínicos
O quadro típico inclui:
- Dor perianal súbita, intensa e pulsátil
- Nódulo endurecido, firme e visivelmente arroxeado ou negro na borda anal
- Inchaço localizado e sensibilidade ao toque
- Sangramento ocasional, especialmente se houver ruptura ou evacuação com trauma.
A dor é o sintoma mais marcante, diferindo das hemorroidas internas que geralmente são indolores. A sensação é descrita como lancinante e incapacitante.
Diagnóstico: exame clínico e diferenciações
O diagnóstico da trombose hemorroidária é essencialmente clínico e realizado através da inspeção anal. Durante o exame físico, o médico observa a presença de um nódulo doloroso, azulado ou enegrecido na margem anal. Esse nódulo costuma ter consistência firme e é extremamente sensível à palpação. A principal ferramenta diagnóstica é o exame visual e digital, geralmente dispensando exames complementares.
Em alguns casos, o profissional pode recorrer à anuscopia ou proctoscopia para descartar outras condições, como fissuras anais, abscessos perianais, fístulas ou até mesmo tumores do canal anal. Essas condições podem apresentar sintomas semelhantes, como dor, sangramento e massa anal, por isso a diferenciação é importante.
Diferenciar a trombose hemorroidária de outras doenças perianais é essencial para evitar tratamentos inadequados. Por exemplo, uma fissura anal também causa dor intensa, mas é caracterizada por uma laceração linear visível na borda anal, geralmente acompanhada de espasmo muscular. Já o abscesso perianal se apresenta como uma área de calor, rubor, dor e, às vezes, febre — sinais que não são típicos da trombose hemorroidária.
Outra condição confundível é o hematoma perianal, que surge após esforço evacuatório ou trauma, e que pode se apresentar como uma lesão semelhante à trombose, mas com dor menos intensa. Por isso, o olho clínico treinado é fundamental para realizar o diagnóstico preciso.
O diagnóstico precoce permite o início imediato do tratamento, reduzindo a intensidade da dor e acelerando a recuperação do paciente. É comum que a maioria das pessoas já receba o plano terapêutico logo na primeira consulta, evitando complicações e desconfortos prolongados.
Tratamento clínico
O tratamento clínico é a abordagem de primeira linha na maioria dos casos de trombose hemorroidária, especialmente quando o quadro se apresenta com menos de 72 horas de evolução ou quando não há sinais de complicação. Ele visa aliviar os sintomas, reduzir o edema e promover a reabsorção natural do coágulo.
Medidas de suporte e higiene

- Banhos de assento com água morna (2 a 3 vezes ao dia por 15 minutos): ajudam a relaxar a musculatura do esfíncter anal, melhoram a circulação local e aliviam a dor.
- Higiene delicada: após evacuação, recomenda-se lavar com água e sabão neutro ao invés de usar papel higiênico, evitando trauma e irritação.
- Compressas frias: nos primeiros dias podem reduzir a dor e o inchaço, promovendo vasoconstrição.
- Evitar esforço evacuatório: manter fezes macias com dieta rica em fibras e líquidos é essencial para não piorar o quadro.
Medicações tópicas e sistêmicas
- Anestésicos tópicos (lidocaína): aliviam a dor de forma eficaz e rápida.
- Corticosteroides tópicos (hidrocortisona): reduzem a inflamação local, embora devam ser usados por poucos dias para evitar atrofia da mucosa.
- Flavonoides (Diosmina + Hesperidina): são venotônicos que ajudam na melhora da dor, inflamação e retorno venoso, sendo úteis tanto no tratamento quanto na prevenção de recorrências.
- Analgésicos orais (paracetamol, dipirona): controlam a dor geral do paciente.
- Anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, cetoprofeno): podem ser usados por curto prazo para reduzir dor e inflamação, embora devam ser evitados em pacientes com problemas gástricos ou renais.
O tratamento clínico é geralmente suficiente em até 80% dos casos, desde que iniciado precocemente. Em casos de melhora lenta ou persistência dos sintomas, pode-se considerar intervenções.
Intervenções minimamente invasivas
Quando a dor é intensa, a lesão é grande e o quadro tem menos de 72 horas de evolução, a remoção cirúrgica do trombo — chamada trombectomia — pode ser indicada. Também existem outras alternativas minimamente invasivas.
Trombectomia em até 72 h
A trombectomia consiste na excisão do coágulo por uma pequena incisão local sob anestesia local, feita no próprio consultório. É um procedimento rápido, com alívio quase imediato da dor e baixo risco de complicações.
Após a incisão, o coágulo é retirado com pinça ou compressão manual, seguido de cuidados locais com curativos e medicações tópicas. O local pode sangrar levemente por 1 a 2 dias, mas a recuperação costuma ser rápida.
Estudos mostram que, se realizada nas primeiras 72 horas do quadro, a trombectomia proporciona melhora significativa da dor e menor tempo de recuperação, sendo preferida por muitos proctologistas em casos agudos.
Ligadura elástica, escleroterapia
Para pacientes com hemorroidas internas recorrentes que coexistem com a trombose, técnicas como a ligadura elástica ou escleroterapia podem ser indicadas após o controle da fase aguda. Essas técnicas visam tratar a base da doença hemorroidária, prevenindo novos episódios.
A ligadura elástica consiste na colocação de anéis de borracha na base da hemorroida interna, interrompendo o fluxo sanguíneo e levando à necrose e queda espontânea do tecido. Já a escleroterapia envolve a aplicação de substâncias esclerosantes que provocam inflamação e fibrose no local, levando à regressão do coxim hemorroidário.
Essas técnicas são indolores e realizadas ambulatorialmente, com excelente taxa de sucesso em longo prazo.

Cirurgia: indicações e técnicas
Embora a maioria dos casos seja tratada clinicamente ou com trombectomia, a cirurgia clássica pode ser necessária em situações graves, recidivantes ou refratárias ao tratamento.
As principais indicações cirúrgicas incluem:
- Recorrência frequente da trombose
- Hemorroidas externas volumosas e persistentes
- Dor intensa que não melhora com medidas clínicas
- Complicações, como necrose ou infecção
A técnica mais utilizada é a hemorroidectomia, na qual toda a hemorroida trombosada é removida, incluindo o coxim vascular. O procedimento é mais invasivo, requer anestesia regional e recuperação prolongada, mas tem bons resultados definitivos.
Outras técnicas incluem:
- Hemorrhoidopexia com grampeador (técnica de Longo): mais usada em hemorroidas internas, reposiciona os tecidos sem remoção completa.
- Laser ou radiofrequência: procedimentos modernos que cauterizam o tecido afetado com menor dor pós-operatória e recuperação mais rápida.
Mesmo após a cirurgia, é essencial manter hábitos saudáveis para prevenir novas tromboses. O acompanhamento com o proctologista garante o sucesso a longo prazo.
Evolução natural e prognóstico
Sem tratamento específico, a maioria das tromboses hemorroidárias regride espontaneamente entre 7 e 14 dias, com reabsorção do coágulo e redução progressiva da dor. No entanto, o nódulo pode deixar um excesso de pele conhecido como prega residual, que não causa dor, mas pode incomodar esteticamente ou facilitar acúmulo de resíduos.
O prognóstico é excelente na maioria dos casos, com resolução completa dos sintomas. Entretanto, a recorrência é comum em pessoas que não mudam seus hábitos, especialmente em quem sofre de constipação crônica ou permanece muito tempo sentado.
Por isso, o sucesso a longo prazo depende tanto do tratamento imediato quanto da prevenção. O acompanhamento regular, adoção de dieta rica em fibras, boa hidratação e prática de atividade física são essenciais para manter a saúde anal e evitar novas crises.
Complicações e quando buscar ajuda médica
Apesar de geralmente autolimitada, a trombose hemorroidária pode evoluir com complicações quando não tratada adequadamente. Embora sejam raras, essas complicações exigem atenção imediata.
As principais complicações incluem:
- Ruptura espontânea da hemorroida trombosada: o coágulo pode romper a pele fina que o recobre, causando um sangramento súbito e volumoso. Embora o sangramento costume parar sozinho, ele é alarmante para o paciente.
- Infecção local: pode ocorrer quando há necrose da hemorroida trombosada ou manipulação inadequada. A infecção pode se manifestar com aumento da dor, secreção purulenta, febre e mal-estar.
- Formação de abcessos: em raros casos, a trombose pode progredir para um quadro infeccioso mais grave, resultando em abscesso perianal, que necessita drenagem cirúrgica.
- Edema perianal grave: o inchaço exagerado pode dificultar a higiene local e até a evacuação, impactando a qualidade de vida.
- Prega anal residual volumosa: após a reabsorção do trombo, pode sobrar excesso de pele que interfere na estética e higiene, podendo exigir remoção cirúrgica.
É fundamental procurar atendimento médico imediato nos seguintes casos:
- Dor anal insuportável que não melhora com analgésicos comuns
- Sangramento intenso ou persistente
- Presença de febre ou calafrios
- Dificuldade para evacuar por dor intensa
- Reaparecimento frequente do quadro
O diagnóstico precoce e o manejo adequado são essenciais para evitar que essas complicações prejudiquem a saúde e o bem-estar do paciente.
Prevenção e mudanças no estilo de vida
A prevenção da trombose hemorroidária está diretamente relacionada à saúde intestinal e aos hábitos diários. Adotar medidas preventivas simples pode reduzir drasticamente a chance de desenvolver novos episódios.
Hábitos preventivos fundamentais:
- Aumentar o consumo de fibras: vegetais, frutas e grãos integrais melhoram o trânsito intestinal, tornando as fezes mais macias e facilitando a evacuação.
- Ingestão adequada de água: manter-se hidratado ajuda a amolecer as fezes e prevenir o esforço evacuatório.
- Evitar o sedentarismo: a prática regular de exercícios estimula o funcionamento do intestino e melhora a circulação venosa.
- Evitar permanecer longos períodos sentado: o tempo prolongado sentado, especialmente em superfícies duras, aumenta a pressão na região anal.
- Evitar o uso excessivo de papel higiênico: prefira a higienização com água para evitar irritações locais.
- Reduzir alimentos ultraprocessados: eles contribuem para o ressecamento das fezes e constipação.
- Não segurar a vontade de evacuar: atrasar a evacuação endurece as fezes e exige mais esforço, o que pode favorecer a trombose.
Além disso, pacientes que já tiveram episódios anteriores devem fazer acompanhamento regular com proctologista, principalmente se houver histórico familiar ou outros fatores de risco associados.
Dúvidas frequentes (FAQ – mais detalhadas)
- Trombose hemorroidária é perigosa?
Não costuma ser perigosa, mas causa dor intensa. Raramente evolui para complicações graves. - Quanto tempo dura uma trombose hemorroidária?
Geralmente melhora entre 7 a 14 dias com tratamento clínico adequado. - Preciso fazer cirurgia?
Nem sempre. A cirurgia é indicada em casos graves, recorrentes ou com complicações. - Pode sangrar espontaneamente?
Sim. Se o coágulo romper, pode haver sangramento intenso, mas geralmente é autolimitado. - É possível tratar em casa?
Com medidas clínicas simples, sim. Mas o ideal é ter diagnóstico médico para evitar erros. - Pode aparecer de novo?
Sim. Se os fatores causais não forem corrigidos, as recidivas são frequentes. - Trombose hemorroidária é contagiosa?
Não. Ela não é infecciosa e não pode ser transmitida de pessoa para pessoa. - Pode piorar se eu me exercitar?
Durante o episódio agudo, é melhor evitar atividades físicas intensas. Após melhora, o exercício é benéfico. - Banho de assento realmente funciona?
Sim, alivia bastante a dor e melhora a circulação local. - É normal ter febre com trombose hemorroidária?
Não. Febre pode indicar infecção e deve ser avaliada por um médico. - Existe algum remédio caseiro eficaz?
Banhos de assento, compressas frias e ingestão de fibras são opções caseiras eficazes. - Grávidas podem ter trombose hemorroidária?
Sim, devido ao aumento da pressão pélvica e alterações hormonais. - Como saber se é uma hemorroida comum ou trombose?
A dor súbita e nódulo roxo indicam trombose. Hemorroidas comuns são menos dolorosas. - Trombose hemorroidária pode virar câncer?
Não. Não há relação entre trombose hemorroidária e câncer anal. - Existe algum alimento que devo evitar?
Evite alimentos constipantes como carne vermelha em excesso, laticínios integrais, alimentos industrializados e cafeína.
Quando procurar um especialista?
Consultar um proctologista é essencial sempre que:
- A dor não melhora em 3 a 5 dias com tratamento clínico
- Há episódios recorrentes de trombose
- O nódulo permanece mesmo após a melhora
- Há dúvidas quanto ao diagnóstico
- O paciente deseja prevenir complicações e recorrências
O especialista avaliará se é necessário manter tratamento conservador ou indicar intervenções mais eficazes. A visita regular ao proctologista permite não apenas o controle da trombose hemorroidária, mas também a prevenção de doenças anorretais silenciosas, como fissuras, fístulas e até mesmo o câncer anal.
Comparativo dos tratamentos: tabela resumo
Tipo de Tratamento | Indicação Principal | Vantagens | Desvantagens |
Clínico (medicações) | Casos leves a moderados | Não invasivo, barato | Resposta lenta, risco de recidiva |
Trombectomia | Dor intensa com <72h de evolução | Alívio imediato | Pode haver sangramento inicial |
Cirurgia tradicional | Casos graves ou recorrentes | Tratamento definitivo | Mais invasivo, recuperação longa |
Ligadura/elástica | Hemorroidas internas crônicas | Ambulatorial, indolor | Não resolve trombose externa |
Laser ou radiofrequência | Hemorroidas sintomáticas com recidiva | Menos dor e sangramento | Custo elevado |
Considerações Finais
A trombose hemorroidária é uma condição aguda, extremamente dolorosa, mas geralmente benigna e com ótimo prognóstico. O diagnóstico rápido e o início precoce do tratamento são fundamentais para o alívio dos sintomas e prevenção de complicações. O manejo pode ser feito de forma clínica ou, em casos específicos, com procedimentos cirúrgicos.
Mais importante ainda é a prevenção, que passa por hábitos alimentares saudáveis, atividade física regular e cuidados com a evacuação. Ao adotar essas medidas, o paciente não apenas evita novas crises de trombose, como também melhora sua saúde intestinal como um todo.
Se você sofre com sintomas semelhantes, procure um proctologista e cuide da sua saúde anal com seriedade. O alívio pode estar mais próximo do que você imagina.
FAQs Extras
- Existe pomada específica para trombose hemorroidária?
Sim, pomadas com anestésico e corticosteroide são eficazes no alívio. - Pode ter relação com alimentação?
Alimentos constipantes contribuem para o problema. Dieta equilibrada é essencial. - Evacuar dói muito com trombose?
Sim, mas manter o intestino solto ajuda a reduzir o sofrimento. - É recomendável o uso de laxantes?
Somente sob orientação médica. O uso excessivo pode causar dependência. - Trombose hemorroidária melhora sozinha?
Sim, muitos casos se resolvem sem cirurgia, apenas com cuidados clínicos.

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Sou Dra. Clarisse Casali, Proctologista do Rio de Janeiro (Sociedade Brasileira de Proctologia), Especialista em Saúde do Intestino. Residência médica em coloproctologia HFCF/Min.Saúde. Especialista em Saúde do Ânus. Pós-graduação pelo Hospital Albert Einstein – SP. Especialista no tratamento de Hemorroidas, Especialista em colposcopia anal – American Society of Cervical Patology⚕️.
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